É como se tudo estivesse seguindo em uma direção qualquer, que não prevalece mais meus sonhos, meus desejos, minhas vontades. As únicas esperanças que restavam, estão todas sobre o vento, sobre cada grão, cada pequeno fragmento perdido no tempo. Já não sei mais que direção seguir, já não sei com o que devo sonhar, a cada momento que sinto passar, não foi mais que os dias dizendo "Adeus e Olá".
O propósito de viver é amar? E se eu deixasse de me importar ? Afinal, os dias passam, os anos voam, a vida se esquece, e a morte está em todo lugar. A cada movimento meu, germes, moléculas, bactérias estão morrendo sobre meu corpo. Já não quero me importar com a vida, mas não posso deixar de me importar, não sou livre para decidir isso.
Se viver for seguir por motivos tão banais, seguir por que seus pais, ficariam mal, seguir por que sua família sentiria sua falta, viver por que tem laços afetivos, e é só isso ? Viver para que nossos bisnetos e todo o resto da nossa linhagem de vida não saibam que nós existimos, viver para fazer feliz as pessoas que não se desfazem dos laços, viver para trabalhar como uma formiga, e morrer pisoteado igualmente, viver para almejar dinheiro, para almejar a fama, almejar reconhecimento,para almejar a felicidade. Sendo que no fim, nada disso existe de fato, no fim todos somos infelizes, todos somos solitários, e ninguém vive por si só, por que apesar da solidão, ainda assim estamos vivendo por todo o resto que nos cerca.
Não há mistérios, não há segredos na vida, viver é isso tudo, são essas as razões para se viver, são esses os motivos para se matar ou morrer, são essas as razões para caminhar... Não há dificuldade em entender, é simplesmente isso.
Eu me sinto numa prisão, onde todos me impedem de sumir, todas essas pessoas me querem por perto, e eu fico por causa delas. Mas apenas por isso, apenas por que talvez um dia eu receba um salário melhor e possa ajudar minha família, apenas para que eles sintam orgulho de falar de mim, apenas para que meus laços afetivos me tenham para se sentir melhor.
O universo é grande, e somos tão pequenos, sem propósito certo, caminhando sempre em círculos, chegando sempre no mesmo lugar, dando os mesmos passos que outros já deram, apenas seguindo em frente, com os mesmos problemas, e dentro de um mesmo planeta, e um planeta que gira pelo mesmo lugar, com um só objetivo, chegar até o sol, para nos ver queimar, e virar poeira, e todo o rastro que um dia existiu da nossa existência, simplesmente sumir.
Já não quero nada, nada que seja só pra mim, por que simplesmente não existe algo, eu não posso me sentir livre, eu não tenho esse direito, minha liberdade é dentro das condições que me impõem, minha liberdade é dentro das pessoas que me amam.
Eu não vivo por mim, por que eu não quero mais viver, mas...
A vida é rara, e por isso vivo para que esses pequenos pedaços de vida, perdidos no universo, que me amam, possa sentir a alegria momentânea de me ter por perto.
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