terça-feira, 2 de setembro de 2014

O mundo é um moinho



Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

As vezes parece que simplesmente estou perdendo a capacidade de expressar o que sinto, a cada dia me torno alguém mais fechada para as pessoas e a cada dia mais distante de qualquer coisa, de razões, de esperança, fé... Estou tão distante do que um dia eu fui, e a cada dia, essa distancia parece uma viajem com passagem só de ida, não para uma aventura, mas para algum tipo de despejo em um campo de concentração, em que a tortura é ser trancada eternamente.

Cada dia mais presa dentro de mim, enjaulada no meu coração, expulsando qualquer tipo de coisa que havia nele, pra caber mais de mim, mais da minha própria alma solitária. Não há espaço para outras coisas no meu peito, estou obcecada pelo que estou sentindo, obcecada pelo meu próprio sofrimento, sendo cega perante os outros, pois todos os outros se tornaram parte do que apenas eu vejo, seus rostos são o que eu vejo, seus gestos, pensamentos... Todos são estáticos e não tem vida própria, quando saio de perto da minha cama ela continua lá parada, quando saio de perto de pessoas, elas continuam em algum lugar paradas, estáticas, e eu não sinto pela vida delas, as vezes elas nem existem por não estar no meu campo de visão, assim como a cama deixa de existir por eu não pensar se ela tem sentimentos, se ela tem vida, ela apenas não faz parte do meu campo de visão, logo eu não a vejo e não penso sobre ela até a hora de dormir, logo eu não penso sobre nenhuma pessoa até estar cara a cara com ela.

Eu queria um abraço, algum tipo de tato, um carinho, um beijo na testa, sem palavras, sem ter que retribuir, sem ter que ouvir sobre os outros, não me interessa a vida de ninguém nesse momento, só quero o silencio, o toque e depois, enquanto abraçados, cada um na solidão de suas mentes.