quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Wake up alone- Amy Winehouse

Essa é por que de verdade, eu nunca esqueci você, lá no fundo guardado a sete chaves, por tudo que a gente não viveu, por tudo que eu só vivi na minha mente com você, por todas as minhas fraquezas, e pela forma que fugi dos riscos, por todos que nos atrapalharam, e pelo o que eu espero de nós hoje... Nunca uma música falou tanto por mim, ou por nós, por mais que você nunca saiba, ou sequer acredite.



It's okay in the day I'm staying busy
Tied up enough so I don't have to wonder where is he
Got so sick of crying
So just lately
When I catch myself I do a 180
I stay up clean the house
At least I'm not drinking
Run around just so I don't have to think about thinking
That silent sense of content
That everyone gets
Just disappears soon as the sun sets

He gets fierce in my dreams
Seizing my guts
He floats me with dread
Soaked to the soul
He swims in my eyes by the bed
Pour myself over him
Moon spilling in
And I wake up alone

If I was my heart
I'd rather be restless
The second I stop the sleep catches up and I'm breathless
This ache in my chest
As my day is done now
The dark covers me and I cannot run now
My blood running cold
I stand before him
It's all I can do to assure him
When he comes to me
I drip for him tonight
Drowning in me we bathe under blue light

He gets fierce in my dreams
Seizing my guts
He floats me with dread
Soaked to the soul
He swims in my eyes by the bed
Pour myself over him
Moon spilling in
And I wake up alone
And I wake up alone
And I wake up alone
And I wake up alone

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Boogarins - Erre


Três dias e noite andei
Larguei a sorte
Morte adentro mergulhei
E me fiz forte

Pra trás nunca mais olhei
Rumei ao norte

Só agora descobri a falta das notas que nunca ouvi
Que soam como um corte
Um corte em mim

Eu vivo entre a morte
O som
E o fim

Eu nunca mais fui eu
Eu nunca mais lembrei de mim
O mundo se esqueceu
Eu não sei mais o que é sentir

O que escuto é forte
É como um corte
Um corte em mim

E soa como um corte
Um corte em mim

Eu vivo entre o som
A morte
E o fim

Café a Dois - Ana Larousse


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sem lágrimas

Eu não entendo o que se passa comigo, é muito estranho. Estou em um ponto que por mais que faça força pra chorar, não tem como expulsar o que vive dentro do meu peito, mas o que eu sinto no meu peito não é angustia, não é tristeza, sei lá, não é nada, é apenas nada.
É difícil distinguir o que é estar bem de verdade, não sei se estou bem. É como se na verdade eu fosse um nada, eu evito pensar qualquer coisa o tempo todo, eu evito desejar qualquer coisa, evito qualquer coisa. Tem uma pressão na minha cabeça que não sei como explicar, e por incrível que pareça, por mais que eu não esteja em um estado pior como já estive, nesse momento é o que eu teria mais facilidade de cometer suicídio.

Eu não tenho pensado nisso por que não tenho pensado em nada, eu só faço o que tenho que fazer, é como se fosse um piloto automático, respondo as pessoas insistentes, que acham que estou com o mesmo animo de conversa que elas, e quando elas me deixam, não faz diferença também, tentando ser paciente, tentando esperar alguma coisa da vida, por mais que eu não espere nada.

Não faz sentido nenhum estar viva, desenhar, fazer qualquer coisa, não tem sentido nenhum. As vezes não sei por que insisto, talvez por um certo receio de se passar por egoísta demais, sabendo que eu poderia pegar esse corpo vazio, colocar pra trabalhar feito uma máquina, pra acúmulo material, e deixar de herança pra família, depois do suicídio.
Eu acho que é exatamente isso que tenho feito...

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Demônio do Meio-Dia - Uma Anatomia da Depressão (trecho)

[...]
O nascimento e a morte que constituem a depressão ocorrem simultaneamente. Há pouco tempo, voltei a um bosque em que brincara quando criança e vi um carvalho, enobrecido por cem anos, em cuja sombra eu costumava brincar com meu irmão. Em vinte anos uma enorme trepadeira guardara-se a essa árvore sólida e quase sufocara. Era difícil dizer onde a árvore terminava e a trepadeira começava. Esta enrolara-se tão completamente em torno da estrutura dos galhos da árvore que suas folhas pareciam à distância ser as da árvore. Só bem de perto podia-se ver como havia sobrado poucos ramos vivos e quão poucos gravetos desesperados brotavam do carvalho, espetando-se como uma fileira de polegares do tronco maciço, suas folhas continuando o processo de fotossíntese ao modo ignorante da biologia mecânica.

Tendo acabado de sair de uma depressão severa, na qual eu dificilmente acolhia os problemas de outras pessoas, me senti cúmplice daquela árvore. Minha depressão havia tomado conta de mim como aquela trepadeira dominara o carvalho. Ela me sugou, uma coisa que se embrulhara à minha volta, feia e mais viva do que eu. Com vida própria, pouco a pouco asfixiara toda a minha vida. No pior estágio de uma depressão severa, eu tinha estados de espíritos que eu não reconhecia como meus; pertenciam a depressão, tão certamente quanto as folhas naqueles altos ramos da árvore pertenciam a trepadeira. Quando tentei pensar claramente sobre isso, senti que minha mente estava emparedada, não podia se expandir em nenhuma direção. Eu sabia que o sol estava nascendo e se pondo, mas pouco de sua luz chegava a mim. Sentia-me afundando sob algo mais forte do que eu. Primeiro, não conseguia usar os tornozelos, depois não conseguia controlar os joelhos e em seguida minha cintura começou a se vergar sob o peso do esforço, e então os ombros se viraram pra dentro. No final eu estava comprimido e fetal, esvaziado por essa coisa que me esmagava sem me abraçar. Suas gavinhas ameaçavam pulverizar minha cabeça, minha coragem e meu estômago, quebrar-me os ossos e ressecar meu corpo. Ela continuava a se empanturrar de mim quando já parecia não ter sobrado nada para alimentá-la.

Eu não era suficientemente forte para parar de respirar. Sabia que jamais poderia matar essa trepadeira da depressão. Assim, tudo que eu queria era que ela me deixasse morrer. Mas ela se apoderara de minha energia. Eu precisaria me matar, ela não me mataria. Se meu tronco estava apodrecendo, essa coisa que se alimentava dele estava agora forte demais para deixá-lo cair. Ela se tornara um apoio alternativo para o que destruíra. No canto mais apertado da cama, rachado e atormentado por essa coisa que ninguém parecia ver, eu rezava para um Deus no qual nunca acreditara inteiramente e pedia libertação. Teria ficado feliz com uma morte dolorosa, embora estivesse letárgico demais até para conceber o suicídio. Cada segundo de vida me feria. Por que essa coisa drenara tudo que fluía de mim, eu não podia sequer chorar. Até a minha boca estava ressecada. Eu pensava que, quando nos sentimos muito mal, as lágrimas jorrassem, mas a pior dor possível é a dor árida da violação total que chega depois de todas as lágrimas já terem se exaurido. A dor que veda cada espaço através do qual você antes entrava em contato com o mundo, ou o mundo com você. Essa é a presença da depressão severa.

Eu disse que depressão é tanto o nascimento quanto morte. A trepadeira é o que nasceu. A morte é a própria desintegração da pessoa, o quebrar dos galhos que sustentam essa infelicidade. A primeira coisa que vai embora é a felicidade. Não é possível ter prazer em nada. Isso é notoriamente o sintoma cardeal da depressão severa. Mas logo outras emoções caem no esquecimento com a felicidade: a tristeza como você a conhecia, a tristeza que parecia tê-lo conduzido até esse ponto, o senso de humor, a crença no amor e na sua própria capacidade de amar. Sua mente é sugada a tal ponto que você parece um total imbecil, até para si próprio. Se seu cabelo sempre foi ralo, parece mais ralo ainda; se você tem uma pele ruim, ela fica pior. Você cheira a azedo até pra si mesmo. Você perde a capacidade de confiar nas pessoas, de ser tocado, de sofrer. Posteriormente, ausenta-se de si.
[...]

Trecho do livro "O Demônio do Meio-Dia" de Andrew Solomon.
Ótimo livro, realmente esclarecedor para quem quer entender mais sobre a depressão, formas de tratamento, também sobre si mesmo, sobre o que sente, etc.
Futuramente postarei mais trechos deste livro.

Sentimentos (feelings)


Monsieur Periné - Huracán

Coração quebrado, vou te deixar em paz.


Si te vas, no vuelvas mas,
Que yo estoy arrepentida,
De vivir buscando amar
En un alma desierta

Ya no más, no puedo más
Un adiós yo debo darte
Tu veneno, es mi sufrir,
Porque tu ya no me quieres

Por eso, ahora, yo me voy

Y me voy, pensando en ti, en lo mucho que yo te di,
Huracán fueron mis besos en tu piel, mi corazón
Olvidando el fuego muere de dolor

Huracán fueron mis besos en tu piel, mi corazón
Olvidando el fuego muere de dolor

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Vanguart - A Escalada das Montanhas de Mim Mesmo


Eu resisti
Tanto tempo sem poder
Saber se eu vivi
Tanto tempo sem poder
Olhar o espelho no fundo do rio

O que é você?
Já não te lembras?
Também não esqueces
Talvez fosse mais fácil não
Saber de nada

Não saber
Não ser

Quando eu sinto a noite
Quando eu pressinto o amanhecer
Na luz dos teus ombros
As vozes que vem me dizer
Pra tudo eu recriar
Acredita que eu ainda penso em voltar lá
Onde eu morri
Eu fui o adeus
E foste o nunca mais

Não querer
Não ser
Não

João e Maria - Chico Buarque & Nara Leão



Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Esbarrar com alguém do passado

A cada dia que passa, a única coisa que tento manter fixa na cabeça é que preciso viver, mesmo que empurrando com a barriga, preciso pensar menos, preciso estacionar meu raciocínio, se não de fato a vida vai me fazer pirar. Não há razão pra estar aqui, conquistar objetivos, ou manter relações.

Meu coração está mais gelado do que nunca, essa é a primeira vez que eu sinto isso. A cada dia, cada dia empurrado, eu tento viver, não pensar em nada, apenas estudar alguma coisa, me distrair, me distrair e distrair com um monte de estudos inútil, que no fim não valerão nada.

Eu não me importo com a minha imagem, eu a construo por que não tem nada pra fazer comigo mesma, eu não quero gostar de ninguém, não to afim de ser paciente com ninguém, não to afim de ir atras de ninguém mais, ou me adaptar pra alguém, quero ser completamente livre de qualquer coisa, e acima de tudo ser apenas eu sem adequações.

O desapego é um processo chato, mas não faz sentido ser apegado, se no fim você estará sozinho apegado ou não. Se é pra estar só, que seja solta, que seja do mundo, que respire tudo que é ar diferente, e se distanciar dessas pessoas que só sabem olhar para si mesmas. Serei igual a elas, mas não no sentido de provocá-las com o que me tornei, a intenção não é me vingar ou fazer alguém sentir minha falta, e sim de não sentir necessidade de ser nada pra ninguém.

Simplesmente agora não preciso manter relações, elas irão durar o que tiver de durar, não preciso me manter em um lar, qualquer novo lugar pode ser o meu cantinho, o refugio de outros braços, o calor de outros corpos, qualquer ser que queira me abrigar, aceitando minhas condições, de que estou voando, e simplesmente não vou descer agora.

Cada ser que faz parte dessa realidade agora, aproveitará o que tem de mim nesse instante, se querem, pois a pouco meses irei embora, e não quero mais pensar em passado nenhum. Fale comigo quem quiser falar, vai atras quem querer alimentar, mas eu estou gélida pra qualquer ser humano.

Em cada ser que eu conhecer, não vou me privar, não vou exigir que sejam como pessoas que normalmente eu me aproximaria, simplesmente não existe mais distinção de ser humano. Não tem rótulos pra definir quem vai ficar ou quem vai sair de perto. No fim de tudo, todos são iguais, todos que eu julgo, e minorizo, ou que outros o fazem também, tem seus julgamentos e acima de tudo sua importância, tem o seu valor, nasceu como todos e vai morrer como todos.

As belas histórias do passado, são apenas belas histórias, memórias, lembranças... As velhas vontades, a grande gaveta de sonhos, todos ao ar, despejados pra quem quiser agarrar. O apego ao sangue, a família, a linhagem, cortado. Cada um deles tiveram chances pra fazer algo com a vida, não sou eu a solução, eu ficando ou indo.

Esbarrar, todo mundo se esbarra por aí, nesse mundo pequeno e sem sentido.
Quem não vive é quem se amarra a correntes.